16 de outubro de 2012

ERIKA PALOMINO | COLETIVA DE IMPRENSA NO FASHION ID

A coletiva da Erika Palomino no evento teve respostas incríveis, como o conteúdo é essencial para todos nós, se preparem para ler muito pois eu gravei e redigi os principais pontos da coletiva. Eu já curtia o trabalho dela, após as respostas eu virei super fã.



O evento em si foi bem organizado e teve a participação de jornalistas locais e vários blogueiros da cidade. Espero que vocês gostem do conteúdo tanto quanto eu gostei, em breve farei um post detalhado sobre a palestra, foram 40 minutos de informações que eu tentarei resumir ao máximo colocando os destaques para quem não teve a oportunidade de estar presente.

SOBRE CRÍTICAS DE MODA:

Quando for feita, a crítica deve ser embasada e não ser pessoal. A crítica hoje em dia serve muito mais para nortear o mercado que para o consumidor final, porque se uma crítica de moda for escrita negativamente sobre uma coleção ou desfile, isso não irá importar para a consumidora que irá comprar aquela marca, mesmo que a imprensa especializada não tenha gostado.

Eu comentaria sobre a falta de espaço independente para que possa ser feita essa crítica, pois a missão das revistas não é fazer crítica de moda e sim interpretar a moda, fotografá-la e noticiar o que está acontecendo. Quem deveria fazer isso são os sites, que deveriam ser independentes e não via posts pagos em Twitter e em blogs, isso é uma aberração inaceitável e essas pessoas têm sim que ser percebidas, é uma pena que tem tanta gente que faz isso e não fica tão evidente, dá para ver isso até em revistas, enfim…

E a outra questão é que o jornal é um ambiente midiático, o que em tese deve permitir que o jornalista seja independente e dê suas opiniões, porque ao contrário das revistas que sobrevivem dos anúncios dessas marcas que elas supostamente iriam criticar, o jornal deveria ser independente. Quando os jornais tiram o espaço da crítica de moda, essa profissão começa a ter um caminho de extinção, outro problema que eu diria não falando do Brasil mas em termos globais é essa coisa que eu também considero uma aberração que aconteceu com a Cathy Horyn (uma crítica especializada importante do The New York Times) que não foi convidada para alguns desfiles que ela tinha resenhado negativamente em outras estações. Eu acho que a liberdade de opinião deve ser mantida, principalmente na moda que é para ser um território livre."

SOBRE A IMPORTÂNCIA DE BUSCAR O CONHECIMENTO E ESTUDAR A ÁREA EM QUE VOCÊ ESTÁ ATUANDO:

Humildade é muito importante em várias áreas e ela falta, acaba sendo um buraco nessa nossa indústria da moda com egos tão inflados e isso se reflete também muitas vezes nos jornalistas, editores, temos profissionais da moda com os próprios egos excessivamente inflados. A moda é um ambiente que pode iludir muito, que pode seduzir muito com seu glamour e beleza, então é um ambiente em que é fácil uma pessoa ser corrompida. É muito fácil também, principalmente agora com a internet, a gente achar que pode falar tudo, que sabemos tudo e que a gente já viu tudo.

Na verdade, essa questão da formação é muito importante, o olhar crítico é muito importante. Para quem está começando agora a escrever ou que queira fazer um jornalismo de moda de maneira crítica, eu recomendo assistir a um desfile, escrever sobre o que achou do próprio desfile e depois ir comparar o que outras pessoas falaram, seja no Brasil, seja no mundo. O Google Translator ta aí para quem não fala outras línguas, é muito importante para você observar "puxa eu não tinha enxergado isso" , "eu não tinha percebido", "eu não tinha pensado por esse ângulo"… 

A gente quando vê um desfile não tá escolhendo que roupa vamos comprar, temos que levar em conta a história de cada marca, quem é o consumidor dela, qual é a sua  trajetória, a que ela se pretende, analisar o mercado e cada momento porque a questão do timing é muito importante, e não cair nas armadilhas que aparecem por aí que vão desde a bajulação, até os posts pagos. Apesar de todo mundo ter que sobreviver é importante que a gente saiba falar NÃO também. 

Eu já falei uns não's que me custaram bem caro na verdade, mas nós temos que manter a nossa integridade que é a essência do jornalista, pelo menos eu escolhi ser jornalista porque eu gosto da verdade, da justiça e da ética, mas essas coisas são exercícios pessoais."

SOBRE OS NOVOS PARÂMETROS DE LUXO E AONDE O LUXO NO BRASIL VAI PARAR:

"(…) E aí eu comecei a pensar, o que é luxo no Brasil? Porque supostamente a imagem que nós temos de luxo e elegância vem do DNA francês, dessa chamada elegância parisiense. Eu comecei a raciocinar como eu iria falar de luxo para o Brasil, porque eu nunca tinha falado especificamente de luxo, então eu comecei fazendo esse raciocínio com a minha equipe, tanto que a edição n° 1 da revista que saiu em Junho, tinha a seguinte chamada: "Chega mais, o novo LUXO brasileiro está aqui" , então com esse "chega mais" a gente já estava querendo dar uma quebrada e ser inclusivo, se você se dispor a ler a revista como um todo ela é uma revista que quer ser inclusiva, ela não é uma revista como outras que são muito bem feitas, que são para um público que chega e fala assim:

"Olha, a bolsa que você tem que ter é essa querida, se você não tem dinheiro para ter essa bolsa, que chato né para você…  Se você não frequenta essas festas, nossa você não é legal, a gente que é legal, a gente vai em todas essas festas, a gente frequenta todos esses lugares, a gente é amigo de todas essas pessoas…"

Só que na  L´officiel eu não quero fazer isso porque isso não sou eu, e essa questão de luxo é muito relativa, porque dinheiro é uma coisa muito relativa, quanto custa é uma coisa muito relativa."



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