2 de abril de 2012

SERÁ QUE EU TENHO QUE USAR TAMBÉM?


Na última semana rolou um eventinho onde reencontrei pessoas queridas e surgiu um assunto que acabou inspirando esse post.

Por que algumas tendências não "pegam" por aqui?
A cada estação existem várias tendências que se fortificam, não necessariamente anulando as anteriores. São padronagens, tecidos, modelos e cartelas de cores que se tornam momentaneamente universais e a isso chamamos de tendências macro, são aquelas que serão vistas na maioria das coleções ao redor do globo. Essas tendências necessitam da adaptação dos designers, seja por causa da identidade da marca ou do clima onde a mesma será comercializada.

Não é que determinada tendência não pegue, o que acontece é que a maioria das natalenses (me desculpem a sinceridade, mas isso vale para todo o estado e claro que como em toda regra, tem suas exceções) colocou na cabeça que tendência é necessariamente algo que TODO MUNDO TÁ USANDO, como se usar determinada peça que Fulaninha da Silva usou fosse sinônimo de look perfeito, status e de aceitação em determinada tribo. Venho humildemente dizer para vocês que isso não é real, existe um mundo vasto além das saias mullet usadas pelas "bem nascidas" da cidade.

Atualmente temos o reinado intenso das saias mullet, já tivemos os bandage dresses no passado e a época infeliz em que decidiram que todos podiam usar legging pelas ruas e que isso era super cool (convenhamos que certas peças são criadas para pessoas com determinado tipo físico e cabe a cada um valorizar o melhor de si ao invés de ampliar seus pontos fracos). 

A saia mullet é tendência? É, mas isso não quer dizer que todos têm perfil para usar uma peça como essa e ainda mais em todos os lugares, tenho que contar que eu até gostava desse estilo de saia, que inclusive nunca saiu dos desfiles (sim, a tal da mullet é coisa velha e já foi tida como deslize fashion justamente por ser uma peça difícil de ser usada por quem não tem personalidade para "segurar o look") e que a bendita agora entrou para minha lista de não-aguento-mais junto com o color blocking da última estação.

O problema que encontramos por aqui é que existe uma ou duas tendências que são copiadas até a exaustão por todas as lojas (comecem a reparar quantas lojas da cidade têm um maxi colar estilo golinha ou uma peça mullet para vender). Tendência é uma faca de dois gumes, não são apenas duas e sim várias jogadas no mercado a cada estação, você tem que saber qual é a que mais se adapta ao seu estilo de vida e ao seu estilo pessoal e quem quer passar por cima disso para usar tudo que está em alta corre o risco de se perder completamente e ao invés de se tornar uma fashionista (outro termo que tem me cansado), irá se tornar apenas mais uma mulher desesperada por aceitação e sem identidade própria

Estar na moda é estar bem consigo mesma, a partir do momento que você tem um estilo próprio definido e conhece seu tipo físico, fica muito mais simples escolher o que combina com você. A moda esta aí para diferenciar as pessoas, para imprimir personalidade a quem usa e não para ser usada como xerox;  pense duas vezes da próxima vez que vir um milhão de pessoas usando a mesma combinação de peças e não ache que isso é ser in, pois não é.  Use o que tem a ver com você, criar um estilo próprio é um exercício diário de autoconhecimento e isso sim é louvável em um mundo tão cheio de futilidades e rótulos.

Eu tenho esperança de que um dia nos tornemos um dos polos de moda brasileiros, mas isso só irá acontecer quando começarmos a consumir moda ao invés de status. Se as pessoas daqui não valorizarem a identidade de moda de cada marca e não criarem uma identidade local, iremos continuar ouvindo o mesmo comentário de todos que trabalham na área tanto aqui quanto fora do estado: 
--- *Aqui todos se vestem iguais, sem personalidade nenhuma... (perdi a conta de quantas vezes já ouvi essa frase).


VEJA TAMBÉM

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...